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A Ilha do Pico, onde se localiza a maior montanha de Portugal, é uma das ilhas dos Açores que mais atrai a curiosidade das pessoas. Esta é também a sua segunda maior ilha, ficando apenas atrás de São Miguel.
Para quem visita o Pico, a nossa recomendação inicial é a de considerarem, pelo menos, quatro dias completos para a visita. No nosso caso, acabamos por ficar cerca de três dias / três dias e meio mas, como subimos o Pico num desses dias, sentimos que ficaram algumas coisas por ver.
Gruta das Torres
Como ficámos a dormir na zona sul da ilha, começámos a nossa viagem em direção à vila de Madalena. Pelo caminho, surgiu a nossa primeira paragem: a Gruta das Torres.
Este ponto é paragem obrigatória para quem visita a Ilha do Pico, uma vez que consiste no maior tubo lávico de Portugal. A gruta, que é a maior gruta conhecida dos Açores, foi descoberta em 1990, sendo iniciado o projeto turístico dez anos depois.
Aqui vão poder visitar uma gruta no seu estado quase original, tendo sofrido adaptações à mobilidade apenas na zona inicial e final. Na restante gruta, vão caminhar sob terreno irregular, baixarem-se e até subirem por pedras, iluminados apenas pela vossa lanterna. Dito isto, não recomendamos a visita a quem tem mobilidade reduzida ou claustrofobia.
As visitas são realizadas quatro ou cinco vezes ao longo do dia (dependendo da altura do ano), pelo que recomendamos mesmo que reservem a visita com antecedência! Podem consultar o horário e possíveis limitações à visita aqui e reservarem o vosso bilhete aqui.
A visita tem a duração de uma 1h / 1h30 e o custo de 8€ / adulto (em 2022). Neste custo está incluída a visita guiada, uma lanterna, o capacete e a touca. No nosso caso apanhámos uma guia absolutamente incrível que nos fez adorar toda a experiência.
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Vinhas do Pico: Criação Velha
Voltando à estrada que vos conduz a Madalena, terão de passar pela freguesia de Criação Velha.
Aqui destaca-se a paisagem da vinha até perder de vista. A vinha na ilha do Pico tem a peculiaridade de ser rasteira, protegida por pequenos muros feitos com pedra vulcânica. Assim, estacionem o carro e passeiem pelo meio da vinha, apreciando a paisagem.
No meio da vinha vão encontrar o famoso Moinho do Frade, um antigo moinho de vento que se destaca da paisagem envolvente (em maior detalhe no ponto seguinte).
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Para os apreciadores de vinho, existem nas redondezas da vinha alguns locais que devem conhecer e com diferentes experiências de enoturismo:
- Adega do Vulcão, junto às vinhas da Criação Velha (mais informação aqui)
- Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico (CVIP) – Picowines, na zona da Madalena (mais informação aqui)
- Azores Wine Company, em Bandeiras, já uns km depois de Madalena, seguindo para norte (mais informação aqui)
Moinhos de Vento
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Os Moinhos de Vento espalhados pela ilha do Pico são icónicos marcos da ilha. Ao conduzirem pela ilha vão encontrar várias destas construções, pintadas com cores fortes.
Estes foram utilizados até ao século XX, utilizando a força do vento para moer os grãos. Apesar de alguns terem sido destruídos, existem ainda vários na ilha, sendo alguns:
- Moinho do Frade, no meio da vinha da criação velha, já falado anteriormente;
- Moinho do Monte:
- Moinho da Ponta Rasa (ou Moinho de São João, como encontram no Google Maps), nas Lajes do Pico;
- Moinho de Santana (Saca), em Madalena.
Alguns dos moinhos da Ilha do Pico foram mesmo reconvertidos para alojamento. Ao mesmo tempo, muitos não estão identificados no Maps, pelo que deverá acontecer estarem a passear normal e serem presenteados com este bocado de história.
Madalena
Uma das principais vilas da ilha, Madalena é sede de concelho e é um dos dois cais de ferries que fazem ligação às ilhas vizinhas.
Estacionem o carro e aproveitem para conhecer esta vila: visitem a Igreja de Santa Maria Madalena, o maior templo da ilha do Pico, o bonito edifício da Câmara Municipal (Paços do Concelho), com o seu brasão sobre a porta, e o Museu do Vinho do Pico (mais detalhes no tópico seguinte).
Caminhem até ao limite da vila, junto à Piscina Municipal da Madalena, e observem a paisagem que se ergue no Oceano Atlântico: o Ilhéu em Pé e o Ilhéu Deitado (os Ilhéus da Madalena), localizados a cerca de 900 metros da vila.
Museu do Vinho do Pico
Ainda em Madalena, não deixem de reservar cerca de 1h para visitar o Museu do Vinho do Pico.
Aqui vão ficar a conhecer a importância da vinha na história da população da Ilha do Pico, assim como as dificuldades que esta cultura passou ao longo dos anos.
Além de vários instrumentos históricos ligados ao vinho, a visita ao museu inclui uma grande vinha onde estão pessoas a trabalhar, um mirante com uma vista de cortar a respiração e a Mata dos Dragoeiros, onde se encontram árvores de dragoeiros centenários.
O museu tem o custo simpático de 2€ / pessoa (em 2022) e é uma paragem que vale a pena.
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São Roque do Pico
Seguindo em direção a norte, vão encontrar São Roque do Pico, uma belíssima vila histórica, à qual não conseguimos (infelizmente) dar a atenção que gostaríamos.
São Roque do Pico está também muito ligado à indústria baleeira, razão pela qual encontram aqui o Museu da Indústria Baleeira, na antiga Fábrica da Baleia Armações Baleeiras Reunidas, Lda, onde durante anos se produziu óleos, farinhas, adubos e vitaminas a partir da baleia cachalote. Um pouco adiante, irá aparecer o Jardim Municipal de São Roque do Pico e a Rua do Cais, onde vale a pena caminhar um bocadinho.
Se estiver bom tempo, aproveitem para dar um mergulho nas Piscinas Naturais de São Roque. Um pouco mais à frente vão encontrar a grandiosa Igreja Matriz de São Roque.
Ao seguir viagem, passem junto à Igreja do antigo Convento de São Pedro de Alcântara (fechada) e à Árvore dos Desejos que aqui se encontra, uma Araucária, que quando jovem sobreviveu a uma violenta tempestade. Na Austrália, no Jardim Botânico Real de Sydney, existe uma árvore considerada “irmã”, da mesma espécie, com a mesma idade e que também sobreviveu a uma violenta tempestade. Acredita-se portanto que a árvore de Sydney é uma árvore dos desejos, e sendo esta “irmã”, também o é. Para quem quiser experimentar, é só seguir as instruções junto à árvore e pedir o seu desejo.
Este da Ilha
Seguindo de carro, é hora de conhecer o este da ilha. Apesar de aqui não encontrarmos povoações tão grandes como o são Madalena e São Roque do Pico, vale sempre a pena dar a volta completa à ilha.
Parem no Miradouro da Terra Alta e apreciem a paisagem de São Jorge, apaixonem-se pelo cenário na Ponta Gorda, o Miradouro da Ponta da Ilha e o seu farol.
Aqui optámos por seguir os caminhos para o meio da ilha e conhecer a caldeira, Lagoa do José Inácio e a Lagoa Negra. Existe nesta zona um trilho que vos permite conhecer este património natural, mas que optámos por não fazer uma vez que ainda teríamos o grande desafio de subir a Montanha do Pico.
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Lajes do Pico
Outra vila que não podem perder é a de Lajes do Pico, na zona sul da ilha.
Aqui podem conhecer o terceiro e último Museu do Pico, o Museu dos Baleeiros, dedicado à baleação artesanal. Aproveitem também para conhecer a Igreja da Santíssima Trindade (a mais antiga do Pico) e a construção militar do Forte de Santa Catarina.
Como é natural nos Açores, encontram também aqui uma piscina natural, as Piscinas Naturais de Lajes do Pico.
Se tiverem tempo, não deixem de visitar o Parque Florestal do Mistério de São João, um parque numa área de 212 hectares. Neste parque vão encontrar vários animais, incluindo veados!
Interior da Ilha: Lagoas e a Montanha do Pico
Tendo percorrido a estrada em volta da ilha, é hora de conhecer o seu interior: conduzam até Madalena e entrem na EN3, a famosa Estrada Longitudinal, considerada a mais bonita da ilha.
Com apenas o verde, animais e (claro) a Montanha do Pico a marcarem a paisagem, ficam aqui duas paragens que valem a pena fazer:
- Furna do Frei Matias, um tubo de lava com cerca de 650 metros de comprimento;
- Lagoa do Capitão, uma das mais famosas do Pico, pela vista que oferece com a Montanha do Pico de fundo.
No final da estrada, fazendo a ligação à EN2, podem aproveitar para conhecer outras pequenas lagoas.
É também pela EN3 que têm acesso à Casa da Montanha, o ponto de partida para a subida ao Pico. Tenham em atenção que, apesar de ser possível chegar à Casa da Montanha através de outras estradas, o acesso mais recomendado é mesmo este. É hora de conhecerem a maior aventura desta ilha: subir a montanha mais alta de Portugal.
Subir a Montanha do Pico
Um dos maiores desafios físicos que já fizemos: subir a montanha do Pico. Fazê-lo requer muita preparação física e de equipamento, que explicamos em maior detalhe no post a si dedicado.
No total, o caminho consiste “apenas” em 3.8km, mas não se deixem enganar por este número: estamos a falar de um desnível de 1.150m!
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Existem vários tipos de subida: diurna, noturna (que se inicia de madrugada e culmina com o pôr do sol) ou, a mais complicada, a subida com pernoita na cratera. Em qualquer delas, recomendamos sinceramente optarem por reservar um guia. No nosso caso, pagámos 65€ / pessoa (em 2022) e fizemos a subida com a Tripix – no final, o valor pago valeu completamente a pena.
Se mesmo assim quiserem subir sozinhos, tenham em atenção que são obrigados a pagar uma taxa à Casa da Montanha, onde iniciam o desafio.
No nosso caso demoramos cerca de 4h na subida e 4h30 na descida e podemos confirmar que a descida ainda consegue ser mais difícil!
Piscinas Naturais
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Algo que rapidamente percebemos é que as ilhas dos Açores estão repletas de Piscinas Naturais. Infelizmente para nós, visitámos a ilha em janeiro e estava frio, então não conseguimos experimentar, mas deixamos aqui algumas opções:
- Piscinas Naturais da Criação Velha, na Madalena
- Piscinas Naturais do Cabrito, em Santa Luzia
- Piscinas Naturais em São Roque do Pico
- Piscina Cais do Pico, São Roque do Pico
- Piscinas Naturais das Lajes do Pico
E muitas muitas outras! É mesmo uma questão de escolherem a zona da ilha e procurarem: a ilha está repleta de boas piscinas.
Trilhos
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Como também já é natural nos Açores, as ilhas estão repletas de trilhos. Além do trilho que vos leva à Montanha do Pico, existem obviamente muitos outros que vale a pena conhecer. No total são 14 pequenas rotas (PR), com destaque para os seguintes trilhos:
- PR3 – Ponta da Ilha, linear com 6km e que vos permite conhecer a zona este da ilha, que passa muitas vezes despercebida;
- PR5 – Vinhas da Criação Velha, linear com 6,9km, e que vos leva a conhecer a paisagem da vinha do Pico;
- PR8 – Ladeira dos Moinhos, circular com 3,4km e que vos conduz a alguns moinhos antigos;
- PR13 – Lagoa do Capitão, linear com 9,3km e que vos permitirá ver em primeiro plano a beleza da estrada longitudinal. Uma vez que este trilho não é circular, e que termina em São Roque do Pico, recomendamos que optem por fazer só metade do trilho, a parte junto à Lagoa do Capitão.
Podem conhecer todos os trilhos disponíveis no site dos trails dos Açores, aqui
Onde dormir no Pico
Aquando da nossa viagem (2022), os alojamentos no Pico eram mais reduzidos. Desde então, a oferta tem vindo a aumentar em várias plataformas, pelo que conseguem encontrar algo que vos agrada sem grande dificuldade.
No nosso caso, ficámos a dormir na Adega do Cavaco, um alojamento local em São Caetano, no sul da Ilha. A casa era num estilo antigo e acolhedor e, nas redondezas, tem um parque infantil, as Piscinas Naturais de São Caetano e o Café /Snack-bar o Galeão onde comemos muito bem.
Onde comer no Pico
Ao nível de comida, comemos imensamente bem na ilha do Pico. Além do Café /Snack-bar o Galeão onde comemos no primeiro dia, almoçámos na Casa Âncora em São Roque do Pico, naquela que se tornou a refeição preferida de um de nós (🙋🏻♂️) e, claro, no icónico Cella Bar, em Madalena.
O Cella Bar tornou-se já um ponto icónico da ilha do Pico, conhecido pela sua localização e pelo seu aspeto futurista. Não deixem de desfrutar uma bebida ou um prato quente depois de um longo passeio pela ilha.
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Custos (2022)
A grande pergunta no final de uma viagem destas: então, quando gastámos? No nosso caso, os três dias passados no Pico totalizaram cerca de 260€ / pessoa. Aqui não estão contabilizados os voos, uma vez que voamos para São Jorge e depois seguimos de ferry para o Pico, recorrendo novamente ao ferry para seguir para o Faial, de onde regressámos de avião ao continente. Ou seja, no transporte para entrar no Pico gastámos apenas 5,25€ / pessoa para o ferry.
Os custos mais pesados aqui são, obviamente, o alojamento na Adega do Cavaco (105,63€ para duas pessoas) e o aluguer do carro (132€ no total), ao qual acresce o combustível (23,16€).
Entre restaurantes e cafés gastámos 74,60€ (que valeram completamente a pena!) e mais 24,58€ em lanches e comida que fizemos em casa, uma vez que gostamos sempre de fazer uma ou duas refeições à noite em casa para ser uma noite mais calma.
Das despesas totais da ilha, gastámos um total de 150€ em atividades: Museu do Vinho do Pico (2€ / pessoa), visita à Gruta das Torres (8€ / pessoa) e, o mais caro, o guia para a subida ao Pico (65€ / pessoa). Não se deixem assustar pelo valor de 75€ em atividades por pessoa – se tiverem oportunidade, são três atividades que recomendamos muito e que ainda hoje recordamos.
Deslocações e Aluguer de Carro no Pico
As deslocações nas ilhas: um tópico que nos deu tanta dor de cabeça antes da nossa viagem. Nas deslocações entre ilhas a resposta era simples: a Atlântico Line, a empresa de ferries que opera entre as ilhas. Mas o problema estava dentro da ilha. Para visitarem um destino como os Açores, é obrigatório terem carro ou não conseguiram aproveitar a viagem! Tenham também em atenção que os carros alugados não podem normalmente circular entre as ilhas.
Mas até no aluguer de carros é preciso estarem muito atentos aos detalhes. Isto porque muitas empresas de aluguer de carros obrigam ao bloqueio de uma caução no cartão – até aqui tudo normal. Mas nós íamos fazer três ilhas diferentes e, por vezes, as cauções dos cartões podem demorar vários dias a serem desbloqueadas dos cartões de crédito. Com valores que variavam entre os 1.200€ e os 2.000€ de caução por carro, e para três ilhas diferentes, este era um problema.
No nosso caso, a solução passou por alugar o carro diretamente com a empresa Ilha Verde (tanto no Pico como em São Jorge) que, adquirindo o seguro com cobertura total, não necessitou de caução. Outra empresa que vimos (que agrega várias companhias de aluguer de carros dentro da mesma ilha) obrigava ao bloqueio de caução mesmo com o seguro de cobertura total.
Destacamos este acontecimento por um motivo simples: poucos bancos aceitam atribuir cauções de mais de 3.000€ em cartões de crédito e, para quem visita o Triângulo dos Açores, São Jorge, Faial e Pico, isto pode ser um problema. Então recomendamos mesmo que confirmem sempre a existência de caução e que optem pela cobertura total – as estradas das ilhas têm muitas vezes pequenas pedras soltas que saltam e podem causar danos no carro – não vale o risco.
Tenham também em atenção a idade mínima que o condutor tem de ter e o tempo mínimo de carta obrigatório. Tomem todas as precauções para evitarem serem barrados quando chegar o momento de levantar o carro.