O Palácio de Mafra, de nome completo Real Edifício de Mafra, consiste numa incrível construção que engloba um palácio real, uma basílica, um convento e um grandioso jardim. É ainda composta por uma tapada (uma mata cercada e protegida, onde antigamente se criavam animais para caçar).
Este é o maior monumento nacional português, com mais de 1.200 hectares e quase 4.000m2 só de palácio-convento. O Palácio de Mafra é também um dos mais conhecidos monumentos do país, muito graças ao livro Memorial do Convento, que foi leitura obrigatória do 12º ano de português durante vários anos. Em 2019 passou a constar da lista de Património Mundial da UNESCO, tendo sido feito um vídeo de apresentação que demonstra perfeitamente a grandiosidade desta construção (aqui).
O Palácio foi mandado construir por D. João V que tinha prometido construir o monumento quando nascesse o seu primogénito, o que aconteceu em 1711. Assim, a construção foi iniciada em 1717 pela autoria de Frederico Ludovice, seguindo o estilo arquitetónico barroco. A sagração da basílica deu-se em 1730, apesar de não estar ainda terminada a obra.
Foi considerada uma das obras mais imponentes e que mais gente mobilizou (cerca de 45.000 pessoas, vindas de todos os cantos do país), só sendo possível graças ao dinheiro vindo dos negócios do Brasil.
Atualmente é possível visitar o Palácio de Mafra todos os dias, exceto terças, das 9h30 às 17h30. O bilhete custa 8€ (2024) e pode ser comprado online. A partir de agosto de 2024, o Governo aprovou uma nova medida que permite a portugueses e residentes em território nacional visitarem alguns museus, monumentos e palácios de forma gratuita 52 dias por ano, estando o Convento de Mafra nessa lista (mais informação aqui).
Visitar o Palácio de Mafra e o Convento
A visita inicia-se no Palácio de Mafra, o edifício que foi residência da Família Real nas suas deslocações a Mafra. Iniciando o percurso, seguimos por dezenas de salas, onde se destacam as pinturas nos tetos, a existência de grandes tapeçarias, grandiosas pinturas e esculturas e muitos outros imponentes elementos decorativos. Ao mesmo tempo, apreciem o tamanho impressionante das divisões e os enormes corredores que as unem.
Diz-se que o Palácio de Mafra tem cerca de 1.200 divisões, mais de 4.700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. Obviamente que não é possível conhecer a sua totalidade, mas acreditem que vão conhecer o suficiente para perceber a imponência que é esta construção.
Vão sim poder visitar diversas escadarias (a visita iniciasse logo numa), os aposentos de D. João V e o quarto do Rei que se segue, o grandioso corredor que o liga ao quarto da Rainha e aos seus aposentos, a Sala do Trono, a Sala de Diana (ambas com impressionantes pinturas no teto), a Sala de Jogos, a Sala da Caça, a Sala da Música, a lindíssima Sala da Bênção, toda trabalhada no chão e no teto, e muitas outras salas. É também de destacar a enfermaria do século XVIII, única do seu tempo que ainda resiste.
A parte leste do convento, junto ao Jardim do Cerco, está atualmente entregue ao Exército Português, onde funciona a Escola Prática de Infantaria.
A Biblioteca do Palácio de Mafra
Durante a visita ao Palácio de Mafra, na parte correspondente ao Convento, vão chegar a uma sala que rapidamente vão perceber tratar-se da famosa Biblioteca do Palácio de Mafra. Esta é uma sala altíssima, que segue por uma grande sala em forma retangular com 83 metros de comprimento. O seu acesso é restrito apenas para leituras marcadas e aprovadas, sendo que o comum visitante consegue apenas entrar uns metros.
No entanto, mesmo visitando só essa zona, é possível compreender o quão grande é. Tem no seu interior algures entre 30.000 a 40.000 volumes (dependendo de onde se consulta a informação, o número varia, mas a verdade é que estão sempre a ser adquiridos novos exemplares), sendo a maior livraria numa só sala da Europa.
Encontram-se aqui livros extremamente raros, nacionais e internacionais.
As Torres e os Carrilhões
Quem olha para a fachada do edifício, é impossível não notar as suas duas grandes torres e, no topo, os carrilhões.
Estes conjuntos de sinos são considerados dos maiores do mundo: são dois carrilhões com perto de uma centena de sinos – há quem diga que são 92 (Museus e Monumentos de Portugal), 98 sinos (Câmara de Mafra e Tapada Nacional de Mafra) e há mesmo quem chegue a apontar cerca de 120. Talvez a falta de consenso se deva ao facto de, na verdade, os sinos estarem divididos em três grupos: os sinos das horas, os da liturgia e os dos carrilhões.
Apesar da falta de concordância no número, uma coisa é certa: é um conjunto impressionante de sinos, totalizando várias toneladas, sendo que só os sinos maiores pesam quase 10.000kg cada.
Para quem visitou Mafra nos últimos anos, pode não ter tido o gosto de os ver no seu esplendor, uma vez que os sinos estiveram durante vários anos completamente inutilizados, parando de serem usados completamente em 2001, e sendo colocado um apoio de andaimes em 2004, de modo a evitar a sua queda. Mais recentemente foram restaurados e, em 2020, começaram a ser novamente ouvidos nos arredores de Mafra.
Basílica
No centro do edifício, encontramos a sua grandiosa basílica. Aqui destaca-se logo o comprimento da construção (58,5 metros) e a altura dos pilares. No seu interior encontram-se 58 grandes estátuas. A sua forma é a de cruz latina, atingindo 43 metros na zona mais larga.
Na zona do altar, estão seis órgãos históricos que totalizam mais de 10.000 tubos, feitos para tocar em conjunto. Este conjunto de órgãos tornou-se tão imponente que foram criadas obras próprias apenas para estes instrumentos.
Não deixem de olhar para cima e apreciar as pinturas do teto, com destaque para a cúpula. Esta última foi a primeira construída em Portugal, tendo 65 metros de altura.
Tem ainda seis capelas laterais.
Jardim do Cerco e a Tapada Real
Numa das laterais do Convento vão encontrar o Jardim do Cerco. Neste jardim inspirado em Versalhes vão encontrar diversos tipos de fauna, fontes, e várias estátuas.
O final do parque encontra as costas da Tapada Real, estendendo-se por vários hectares. Esta parte do Palácio de Mafra, que infelizmente não conseguimos explorar, tem várias surpresas a oferecer, como cascatas, hortas (entre elas a Horta dos Frades, onde são plantadas as ervas utilizadas nos produtos medicinais no tempo de D. João V) e, claro, a mata onde antigamente se caçava.
Era da Tapada que vinha a água que abastecia o Palácio, pelo que é aqui que se inicia um sistema com aqueduto, que segue por mais de 4.000 metros até ao Jardim do Cerco, terminando depois numa grande nora.
A Tapada Nacional de Mafra oferece hoje um conjunto variado de atividades para quem procura passar um momento ligado à natureza – que podem conhecer aqui.