São Jorge, no grupo central dos Açores, é uma ilha perfeita para (como nós) amantes da natureza e de um tipo de turismo mais calmo.
Apesar de ser uma das ilhas menos falada, São Jorge conquistou o nosso coração. Neste roteiro, procuramos dar a conhecer o que podem fazer nesta joia verde bem no meio do Oceano. Apesar de a ilha ser pequena, recomendamos sempre um mínimo de três dias para a conhecer.
Fajãs de São Jorge
Quando se ouve falar em fajãs, associa-se automaticamente a palavra à ilha de São Jorge, e agora nós percebemos o porquê: a grande maioria das terras desta ilha são, na verdade, denominadas de fajãs. Fajã significa uma zona de terra plana, situada à beira-mar e que resulta de arribas, estando por isso rodeada por elas. E é exatamente este o cenário que encontramos nesta ilha.
Enquanto percorremos a estrada principal, sentimos que vamos a uma altitude considerável e, quando saímos em direção a uma das várias aldeias / vilas à beira-mar, acabamos sempre em descidas enormes, que testam constantemente os travões do carro. São as famosas Fajãs dos Açores!
Algumas das que nós visitámos são a Fajã dos Vimes (onde existe um café / loja de artesanato), a Fajã de São João, Fajã Grande, Fajã do Ouvidor e, claro, Fajã dos Cubres. Entre estas destacam-se a Fajã dos Vimes, onde se encontra um café, o Café Nunes, que serve café produzido pela sua família e que dizem ser incrível – infelizmente estava fechado no dia que visitámos, pelo que não pudemos ter esta experiência. Destaca-se também a Fajã dos Cubres, aldeia maravilha, que falamos no ponto seguinte.
Fajã dos Cubres – Aldeia Maravilha
Fajã dos Cubres tornou-se uma das fajãs mais famosas de São Jorge ao receber o prémio de Aldeia Maravilha de Portugal, na categoria de Aldeias de Mar (prémio que ganhou na final contra Azenhas do Mar, perto de Sintra).
Ao chegar a esta Fajã conhecemos logo o cenário a esperar através do Miradouro da Fajã dos Cubres, que nos mostra o equilíbrio entre as casas que aqui existem e o grandioso sistema lagunar, que permite uma forte presença da pesca.
A aldeia que aqui se encontra resultou já de uma grande demonstração de força da população: a aldeia foi completamente destruída por um terramoto de 1757, sendo reconstruída e novamente destruída no terramoto de 1980.
De todas as aldeias maravilha que visitámos até hoje (já somamos cinco das sete), Fajã dos Cubres é, sem dúvida, a mais ligada à natureza. O seu título deveu-se à sua paisagem e sistema lagunar e é exatamente isso que uma pessoa vê, não havendo grandes negócios nesta Fajã.
A partir daqui existe também um conhecido trilho que liga a outra Fajã mas, devido à chuva e vento intenso do dia, não conseguimos fazer o percurso.
Velas
Velas é uma das zonas principais desta ilha, e é também a mais desenvolvida. Entrando em Velas percebe-se exatamente o seu tamanho, sendo cheia de casas e de pessoas nas ruas, contrastando com o resto da ilha.
Aqui destacam-se alguns elementos como a Igreja de São Jorge, o Forte de Nossa Senhora da Conceição das Velas e, o nosso favorito, o Jardim da Praça da República.
Este jardim, que ocupa um lugar central em Velas, consiste numa zona ajardinada, com um coreto vermelho e branco em grande destaque, assim como uma grande gaiola, onde se encontram diversos pássaros.
Foi também em Velas a única loja de recordações que conseguimos encontrar aberta, pelo que se gostam de levar uma recordação das viagens, recomendamos que a procurem nesta vila.
Farol da Ponta do Topo & Ilhéu do Topo
(Este da ilha)
Na ponta mais a este da ilha, encontramos o Farol da Ponta do Topo e o Ilhéu do Topo.
O farol, construído nos anos 20 do século passado na região denominada de Ponta do Topo, começou a funcionar em 1927, tendo uma torre com 16 metros de altura e 58 metros de altitude, tendo um alcance de 20 milhas / 37 quilómetros.
O farol parece estar a observar diretamente o Ilhéu do Topo (ou Ilhéu da Ponta do Topo): uma zona plana de terra a cerca de 400 metros da costa, a uma altitude de 19 metros e a ocupar uma área de cerca de 12 hectares. Esta zona já fez anteriormente parte da ilha, tendo-se separado devido à erosão.
Atualmente a ilha é casa de um grande conjunto de aves marinhas. Adicionalmente, encontram-se lá vacas a pastar, sendo que o mais curioso nisto é que elas são levadas até ao ilhéu a nado. Fazem-se aqui também várias atividades, como mergulho.
Pico da Esperança – O Ponto mais Alto da Ilha de São Jorge
(Centro da Ilha)
O Pico da Esperança é a maior montanha da Ilha de São Jorge, nos Açores, elevando-se a 1053 metros de altitude. Daqui, encontramos uma vista incrível sobre a própria ilha de São Jorge, o Oceano e as ilhas do Faial e do Pico. Em dias de boa visibilidade, é ainda possível ver a Graciosa e a Terceira, na direção inversa.
O acesso ao Pico da Esperança é feito por um largo caminho de terra batida que surge a partir da estrada principal que divide a ilha de norte a sul.
Para chegarem a este ponto podem fazer o PR 04 SJO – Pico do Pedro – Pico da Esperança – Fajã do Ouvidor (com 16.9km linear), que passa (a cerca de 30% do caminho) pelo Pico da Esperança, através de um pequeno desvio marcado. Outra opção é a de seguir de carro, mas tenham em atenção que o terreno é, em certos momentos, muito irregular.
Podem descobrir mais sobre este ponto, e como o visitar, here..
Farol dos Rosais & Miradouro da Vigia da Baleia
(Oeste da Ilha)
O Farol dos Rosais é, talvez, dos nossos sítios favoritos em toda a ilha – não só pelo sítio em si, envolvido em mistério, mas pelo caminho incrível até lá chegarmos.
Localizado na ponta noroeste da ilha, a mais de 200 metros acima do nível médio do mar, o Farol dos Rosais ergue-se sobre as escarpas, estando atualmente completamente abandonado.
Daqui podem apreciar a vista sob os ilhéu dos Rosais e as ilhas do Faial e do Pico, que caracterizam grande parte da paisagem visível da parte sul da ilha de São Jorge.
Podem descobrir mais sobre este sítio e como lá chegar here..
Parque Florestal das 7 Fontes
Ao voltarem do Farol dos Rossais, não deixem de passar pelo Parque Florestal das 7 Fontes, um parque com cerca de 12 hectares.
Aqui vocês encontram um sítio perfeito para dar um passeio e conhecer a grande diversidade de flora que este espaço oferece. Além disso, encontram-se aqui vários lagos e um espaço com animais. No interior do parque existe ainda uma capela, a Capela de São João Baptista, e dois miradouros que permitem observar as ilhas vizinhas.
União de Cooperativas Agrícolas de Lacticínios de São Jorge
São Jorge é, claro, conhecida pelos seus queijos.
Atualmente, o fabrico artesanal de queijo na ilha é feito pela União de Cooperativas Agrícolas de Lacticínios de São Jorge (Uniqueijo), que resultou da agregação de um conjunto de cooperativas locais numa ilha que chegou a ter 84 fábricas de queijo.
Recomendamos (mesmo para pessoas como eu que não gostam de queijo) que visitem as suas instalações onde encontram vários queijos de produção local vendidos por pessoas extremamente simpáticas e prontas a responder a todas as perguntas que possam ter – uma experiência muito interessante.
Piscinas Naturais
São Jorge está repleto de piscinas naturais. Algumas que acabámos por conhecer, apesar de não termos entrado na água por causa do tempo, foram: as Piscinas Naturais Fajã Grande, as Piscinas Naturais do Topo e as Piscinas Naturais em Velas.
Além destas, existe ainda uma que é extremamente famosa: a Piscina Natural Simão Dias, devido às suas águas de cor clara. Esta é a maior piscina natural da ilha, localizada na Fajã do Ouvidor.
Dito isto, o que recomendamos é que vejam a zona da ilha que querem visitar e, com base nessa escolha, vejam as piscinas naturais nas redondezas. O mais provável é haver sempre alguma para escolher!
Trilhos em São Jorge
Como já é comum nos destinos de natureza (como o é esta ilha), encontramos diversos trilhos. No total, São Jorge tem sete pequenas rotas e duas grandes rotas, que podem conhecer em maior detalhe no site dos trilhos dos Açores onde encontram mais informação sobre cada um dos trilhos e o mapa.
No nosso caso, como apanhámos um dia de mau tempo e íamos rumar à ilha do Pico onde tínhamos marcado subir ao ponto mais alto de Portugal, tivemos de abdicar dos trilhos desta bela ilha.
Miradouros, Moinhos, Cascatas e Outros Tesouros em São Jorge
Ao andarem por São Jorge, rapidamente vão perceber que existem miradouros com alguma frequência, pelo que será mesmo uma questão de pararem naqueles que mais vos chama a atenção. Dois miradouros que nós gostámos foram o Miradouro do Canavial (quem vai para Velas) e, o nosso favorito, o Miradouro da Canada do Pessegueiro (Calhetas) – aquele que para nós melhor representa o que é a Ilha de São Jorge.
Além dos miradouros (e de paisagens lindas que muitas vezes nem estão assinaladas) existem dois outros pontos que vale a pena visitar: a Cascata do Cruzal, mais afastada da estrada principal e envolta pela vegetação, e os Moinhos de Água da Ribeira Funda. São Jorge é também conhecido pelas dezenas de pequenos moinhos espalhados pela Ilha.
Nesta maravilhosa ilha que é São Jorge, o que recomendamos mesmo é que destaquem os pontos principais que querem visitar e, ao deslocarem-se a esse sítio, estejam atentos à paisagem – rapidamente vão perceber que não há muitas estradas em São Jorge e acabaram por passar por estes (e muitos outros) pequenos tesouros.
Onde dormir em São Jorge
Aquando da nossa viagem (2022), os alojamentos em São Jorge eram mais reduzidos, sendo que a oferta no Booking era quase nula. Desde então, a oferta tem vindo a aumentar em várias plataformas, pelo que conseguem encontrar algo que vos agrada sem grande dificuldade.
Recomendamos apenas que confirmem o sítio onde se localiza o alojamento e os acessos, uma vez que há zonas da ilha de acessos mais complicados e mesmo bloqueados aos carros.
No nosso caso, ficámos a dormir no Cantinho do Mar, um alojamento local na bonita vila de Urzelina, no sul da ilha e de frente para a Ilha do Pico. Gostámos muito do espaço e recomendamos para um casal. Na rua principal encontram um mini mercado, um multibanco e em frente ao alojamento encontra-se um café / bar muito agradável.
Onde comer em São Jorge
O mesmo se passa a nível de comida – quando visitámos a ilha (2022), os sítios onde comer eram um problema. Existiam sim na zona principal da ilha (Velas), mas o resto da ilha era mais complicado.
Quando fomos ao Ilhéu da Ponta, por exemplo, só existia um restaurante que, infelizmente, fechava nesse dia da semana. Atualmente esse já não deverá ser um problema uma vez que abriram novos negócios.
No entanto, e como São Jorge é menos dedicado ao turismo, sugerimos sempre que se abasteçam de lanches e vão aproveitando as comidinhas rápidas que os cafés vão oferecendo.
Em última instância, claro, e como a ilha é pequena, podem sempre voltar ao alojamento para cozinhar – no nosso caso foi o que nos safou em alguns momentos.
Custos (2022)
No total gastamos cerca de 250€ / pessoa para 4 dias na ilha (três noites). Desse valor, 90,77€ / pessoa correspondeu ao voo de ida. Não comprámos voo de regresso uma vez que seguimos para Madalena, no Pico, de barco, o que custou 5€ / pessoa.
Outro custo considerável foi, claro, o carro. O carro custou 132€ com seguro total (a dividir por duas pessoas) para quatro dias, sendo que levantámos o carro às 15h no primeiro dia e o entregámos às 10h no último dia. No tópico seguinte falamos de alguns pontos importantes que devem ter em atenção ao alugar carros nas ilhas! Além deste valor gastámos também 31,45€ em combustível uma vez que tivemos de entregar o depósito cheio. Assim, o custo médio por pessoa com carro + combustível foi de 82€.
No alojamento onde ficámos, o Cantinho do Mar, pagámos 105,63€ os dois (52.82€ / pessoa) para três noites. Em comida para estes dias gastámos quase 30€ (15€ / pessoa), mas levámos algumas coisas que sobraram e não se estragavam para a ilha seguinte. Além disto gastámos o normal: algum dinheiro em café, algum em recordações e, claro, algum em queijos da União de Cooperativas Agrícolas de Lacticínios de São Jorge.
Como falámos em cima, na altura não havia grandes restaurantes na ilha, pelo que não tivemos este tipo de custos. Tenham também em atenção que estes custos foram em janeiro, época de turismo mais baixa e, consequentemente, mais barata.
Deslocações e Aluguer de Carro
As deslocações nas ilhas: um tópico que nos deu tanta dor de cabeça antes da nossa viagem. Nas deslocações entre ilhas a resposta era simples: a Atlântico Line, a empresa de ferries que opera entre as ilhas. Mas o problema estava dentro da ilha. Para visitarem um destino como São Jorge, é obrigatório terem carro ou não conseguiram aproveitar a viagem! Tenham também em atenção que os carros alugados não podem normalmente circular entre as ilhas.
Mas até no aluguer de carros é preciso estarem muito atentos aos detalhes. Isto porque muitas empresas de aluguer de carros obrigam ao bloqueio de uma caução no cartão – até aqui tudo normal. Mas nós íamos fazer três ilhas diferentes e, por vezes, as cauções dos cartões podem demorar vários dias a serem desbloqueadas dos cartões de crédito. Com valores que variavam entre os 1.200€ e os 2.000€ de caução por carro, e para três ilhas diferentes, este era um problema.
No nosso caso, a solução passou por alugar o carro diretamente com a empresa Ilha Verde que, adquirindo o seguro com cobertura total, não necessitou de caução. Outra empresa que vimos (que agrega várias companhias de aluguer de carros dentro da mesma ilha) obrigava ao bloqueio de caução mesmo com o seguro de cobertura total.
Destacamos este acontecimento por um motivo simples: poucos bancos aceitam atribuir cauções de mais de 3.000€ em cartões de crédito e, para quem visita o Triângulo dos Açores, São Jorge, Faial e Pico, isto pode ser um problema. Então recomendamos mesmo que confirmem sempre a existência de caução e que optem pela cobertura total – as estradas de São Jorge têm muitas vezes pequenas pedras soltas que saltam e podem fazer danos no carro – não vale o risco.
Tenham também em atenção a idade mínima que o condutor tem de ter e o tempo mínimo de carta obrigatório. Tomem todas as precauções para evitarem serem barrados quando chegar o momento de levantar o carro.