Covão dos Conchos: Trilho

The Covão dos Conchos, em plena Serra da Estrela, deu recentemente muito que falar devido ao seu ar misterioso numa localização aparentemente isolada. E claro, não podíamos deixar de conhecer este destino tão diferente.

A verdade é que apesar do seu aspeto natural, o Covão dos Conchos é completamente feito pelo homem. Construído na década de 50, este túnel foi criado com o objetivo de levar água da zona da Lagoa da Serra da Estrela até à Lagoa Comprida. No total, o túnel tem cerca de 48 metros e uns impressionantes 1.519 metros de comprimento.

Apesar de não ter um acesso muito direto, existe um trilho não marcado que permite conhecer o Covão dos Conchos. Com cerca de 5km para cada lado, e apesar da altitude do local, o caminho faz-se bastante bem e tem apenas alguns momentos fisicamente mais complicados. Ao mesmo tempo, o trilho para lá chegar é lindíssimo e vão encontrar cenários completamente distintos do esperado.

Dito isto, não existe até ao momento um panfleto do percurso, mas facilmente se encontra um ficheiro GPS para seguirem em tempo real, como é exemplo deste no Wikiloc que tem alguns pontos interessantes destacados. Simultaneamente, e contrariamente ao que estávamos à espera, o trilho acompanha um caminho de terra batida durante quase a sua totalidade, o que facilita muito para os que têm um sentido de orientação pior.

No total, demorámos cerca de 3h30 / 4h entre fazer o trilho ida, explorar um pouco lá o local e voltar. Se, como nós, fizerem a caminhada em pleno inverno, tenham em atenção que o sol desce cedo e que, mesmo em dias de sol, a noite é muito fria na Serra da Estrela! Assim sendo, tentem começar o trilho cedo para desfrutarem e não terem problemas.

o trilho até ao Covão dos Conchos tem cerca de 5km (para cada lado)

da Lagoa Comprida ao Covão dos Conchos: o trilho

E é exatamente na Lagoa Comprida, destinatária da água que vem do Covão dos Conchos, que se inicia o trilho. Situada a 1.600 metros de altitude, este impressionante reservatório de água tem uma capacidade de armazenamento de 14.000.000 m3 – e o trilho que estão prestes a percorrer vai mostrar-vos exatamente a sua extensão.

Partindo do estacionamento, e após conhecerem a Lagoa Comprida, sigam pela sua esquerda, seguindo pelo caminho de terra batida que acompanha a água. À vossa direita deverá aparecer uma zona vedada com algumas antenas e logo de seguida uma construção que se assemelha a um túnel – estão no caminho certo. Daqui, seguem pelo caminho principal, não há como falhar.

Pouco tempo depois, numa zona em que o caminho toca diretamente nas águas da Lagoa Comprida, surge um painel informativo que fala um pouco da geografia do local e da paisagem que ali se encontra. Continuem pelo caminho de terra batida e preparem-se para a beleza que vão encontrar!

Quando o caminho se afasta um pouco da lagoa comprida, ao fim de cerca de2km, passam por uma estrada de acesso a uma casa que aí se encontra. Seguindo em frente, não deixem de olhar para trás! Vão encontrar um cenário maravilhoso de uma casa construída num efeito semi suspenso sob a lagoa comprida.

Covão dos Conchos

No nosso caso, fizemos o trilho numa altura de mais frio e apenas umas semanas depois de cair neve, então apanhámos o caminho ainda bastante escorregadio, com poças de água e, nos sítios de maior sombra, com gelo. O efeito foi mágico, mas recomendamos mesmo que levem calçado mais resistente e que não escorregue.

Durante quase todo o percurso até ao Covão dos Conchos, vão sentir alguma subida de altitude, mas nada que torne este trilho difícil. Ao fim de cerca de 3.5 km, vão encontrar uma das partes mais elevadas do trilho: um verdadeiro planalto. Aqui a paisagem é de cortar a respiração: passamos de um cenário verdadeiramente montanhoso, cheio de verdes e rochas, para um cenário completamente diferente.

durante o trilho até ao Covão dos Conchos podem encontrar gelo ou poças de água – levem calçado confortável e que não escorregue

Passando esta parte, o caminho começa a seguir mais pela direita em direção ao destino final, que se encontra a pouco mais de 1km de caminho, praticamente sempre a descer. Esta fase de descida até à Lagoa da Serra da Estrela é muito rápida, então tenham cuidado ao colocar os pés porque facilmente apanham alguma pedra solta e escorregam.

Seguindo por aqui, vai aparecer-vos à esquerda a Lagoa da Serra da Estrela e podem não conseguir identificar logo o Covão dos Conchos – o facto de estar exatamente ao nível da água e a reflexão que o céu faz nas águas, torna esta construção quase impercetível. Para a visitar, devem seguir até à parte mais afastada da lagoa, mesmo a zona inversa por onde vieram.

Tenham em atenção que, quase a chegar lá, deixa de existir caminho e têm de passar por rochas e fazer uma ou outra subida / descida não muito fácil. Não achamos que seja complicada, e faz-se sem problemas com crianças, mas para pessoas com mais dificuldade não recomendamos.

Chegando ao Covão dos Conchos, é preciso ser muito cuidadoso! Logo no próprio local tem um aviso sobre os perigos de se aproximarem demasiado ou de mergulharem naquela zona, nomeadamente o perigo de sucção, pelo que temos de ser responsáveis.

Aproveitem a paisagem, a calma da Serra da Estrela e apreciem a relação incrível entre uma obra de engenharia feita pelo o Homem mas que parece ter ali nascido. Terminando de apreciar a beleza, bebam um pouco de água, comam um lanche e preparem-se para fazer o caminho de regresso a outra incrível obra de engenharia: a Lagoa Comprida.

Where to eat

Antes de nos aventurarmos por este trilho, fomos almoçar. Quem já visitou a Serra da Estrela, sabe que a sua gastronomia é das melhores do país. Consequentemente, e apesar de esperarmos comer bem, não tínhamos feito qualquer pesquisa e não podíamos demorar muito porque, em pleno dezembro, o sol desce cedo e ainda tínhamos um trilho até ao Covão dos Conchos para fazer.

Dito isto, e após visitarmos Loriga, passámos por um restaurante chamado Cantinho da Serra (6270-080 Loriga) e não podemos deixar de recomendar! Um de nós comeu bacalhau à espiritual (o melhor que já encontrou na vida) e outro comeu um arroz com camarão / marisco e ambos estavam divinais – e estamos a falar de um menu que não é fixo!

Ao mesmo tempo, todo o ambiente gritava “Serra da Estrela” e o atendimento foi dos melhores que podíamos ter encontrado. Noutra mesa estava um senhor do norte do país que tinha trazido uns amigos ao restaurante por ser o seu favorito na zona.

Se passarem por Loriga, e o Cantinho da Serra estiver aberto, não deixem de lá parar a comer. Os preços são agradáveis e a comida divinal!

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