Na Serra do Sicó surge um dos cenários naturais mais imponentes de Portugal: as Buracas do Casmilo. Como o próprio nome indica, estas consistem em grandes aberturas na rocha calcária, originando um vale com um cenário de cortar a respiração.
São diversas as Buracas que se identificam nesta zona: algumas mais pequenas, que não dá sequer para entrar, e outras maiores e mais imponentes, atingindo os dez metros de diâmetro e os cinco de profundidade. Paralelamente, algumas buracas são acessíveis facilmente, enquanto que outras se elevam no alto, sendo apenas visitáveis por escalada.
Para conhecerem este incrível cenário, têm duas opções distintas: podem optar por visitar diretamente as Buracas ou fazer um trilho pela zona envolvente.
Se quiserem apenas conhecer as Buracas do Casmilo, o acesso é bastante simples e de fácil acesso. Dirijam-se à aldeia de Casmilo e estacionem junto ao Parque de Merendas / Zona Desportiva – estacionamento não falta. A partir daqui, terão de seguir a pé por um caminho (bem sinalizado) de terra batida, com cerca de 1km até ao tão esperado cenário. Aquando da nossa visita, vimos mesmo pessoas a levar o carro até junto das Buracas. Apesar de possível, não o recomendamos – a estrada tem um forte declive e é toda em pedra solta, dificultando a condução e podendo mesmo danificar o carro.
Trilho das Buracas do Casmilo
Se, como nós, quiserem conhecer um pouco mais desta região, recomendamos fazerem um trilho (não sinalizado) que vos leva por uma zona muito engraçada completamente rodeada pela natureza: o P2 – Nas Buracas do Casmilo, com 6,42km circular. Ficámos a conhecer este trilho pelo Wikiloc, onde recomendamos fazerem download das coordenadas GPS para conseguirem seguir o trilho (podem consultar o site do trilho aqui).
Como referido, este trata-se de um trilho não sinalizado. No nosso caso, utilizamos a aplicação GPX Viewer, disponível na app store. Em momento nenhum do percurso perdemos rede ou o sinal GPS, mas recomendamos sempre que, para zonas mais isoladas, optem por um dispositivo GPS independente. Costumamos também imprimir um mapa satélite para ser mais fácil visualizar o percurso. Sendo um trilho não sinalizado recomendamos sempre uma preparação e cuidado maior.
Adicionalmente, tenham em atenção que durante este percurso aparecem marcas de um trilho sinalizado, o PR2 CDN, mas este tem 23,5 km circular, pelo que não se deixem levar por estas indicações – o trilho que nós fizemos e recomendamos vai muitas vezes por zonas sem qualquer indicação. Estejam sempre atentos ao GPS ou mapa.
O trilho inicia-se a partir da zona onde se deixa o carro. Seguindo pela mesma estrada que dá acesso às Buracas. Aqui, antes de lá chegarem, terão de fazer a escolha sobre por que lado seguir: pela esquerda e deixar as Buracas para o fim ou pela direita e começar logo pelo ponto principal do trilho. No nosso caso, optámos pela direita e é exatamente essa a direção que recomendamos.
Seguindo por um pequeno caminho, rapidamente o caminho afunila e surgem pedras. Passando esta parte (onde é preciso ter muito cuidado, uma vez que a zona é escorregadia), surge a nossa parte favorita do trilho: um pequeno trilho por entre caminhos em rochas e caminhos florestais completamente repletos pela natureza.
A partir daqui seguimos um antigo caminho de terra batida que é seguido quase até ao final do trilho. Nesta parte do percurso surge uma grande subida que, durante 2 km, sobe cerca de 200 metros de altitude, sendo também a parte fisicamente mais cansativa do trilho. No entanto, chegando ao topo da subida, tem-se uma vista linda sobre o Vale dos Covões.
Durante a grande maioria deste trilho, as Buracas do Casmilo vão se escondendo por entre a vegetação, tornando a revelação que se segue ainda mais espetacular.
Iniciando a descida, vamos em direção ao ponto principal que, sem ser anunciado, surge de repente mesmo à nossa frente por entre a vegetação: as Buracas do Casmilo. Recomendamos explorar as Buracas sempre com a devida segurança: algumas são mesmo inatingíveis, mas a grande maioria é facilmente visitável se tomados os devidos cuidados.
Retomando o trilho, seguimos em direção ao caminho principal de regresso ao Parque de Merendas. Aqui surge um pequeno caminho à direita, ladeado por um muro, que nos leva por uma estrada alternativa. Esta é outra parte do percurso que achámos igualmente bonita: apesar de ser uma paisagem mais comum, rodeada por terrenos de exploração agrícola, os muros em pedra solta de cor clara tornam o cenário mágico. Durante esta parte do percurso surge a chamada Dolina do Casmilo, uma depressão natural no solo utilizada para armazenar água nesta região tão seca.
Seguindo pelo caminho principal voltamos ao parque de merendas onde o carro está estacionado e damos por terminado o trilho.
Para este caminho específico, recomendamos reservar sempre umas 2h30 para fazerem o caminho com calma e terem tempo de explorar as Buracas. Adicionalmente, evitem este trilho em dias de chuva ou nas primeiras horas de dias muito frios, uma vez que as rochas vão estar escorregadias, o que prejudica a experiência.
Consideramos que a dificuldade deste trilho é fácil-média, exigindo maior cuidado nas partes de caminho pelas rochas e uma maior resistência na zona de subida.