As Berlengas, um arquipélago localizado a cerca de 13km do largo de Peniche, é uma verdadeira atração, muito pelo impressionante Forte que aqui se encontra em pleno Oceano Atlântico.
Este arquipélago é composto por três ilhéus: a Berlenga Grande (“ilha da Berlenga”), as Estelas e os Farilhões-Forcadas. Dos três ilhéus, apenas a Berlenga Grande é habitada e visitável, apesar de existir um farol no topo das íngremes escarpas do ilhéu dos Farilhões-Forcadas.
Como Visitar as Berlengas
Sendo área protegida pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), existe um limite de visitas à Berlenga Grande, estipulado em 550 pessoas em simultâneo. Consequentemente, e para facilitar o controlo, é obrigatório o registo eletrónico e pagamento de uma taxa, a Berlengapass. Esta taxa tem o valor de 3€ / pessoa (em 2024) e é obrigatório para quem visita a Berlenga Grande, mesmo que adquira o bilhete (como nós) através de um operador turístico. O controlo deste passe é feito pelo próprio ICNF, podendo ser-vos pedido um comprovativo da aquisição do documento em qualquer momento do vosso passeio pela ilha.
Relativamente à forma de chegada à Berlenga Grance, as opções são imensas e com diferentes atividades e preços. Devido à oferta variada, recomendamos mesmo que comparem as opções e vejam qual a melhor para você. No nosso caso, comparámos preços, atividades e opiniões e acabámos por marcar com a BerlengasTur.
Tenham noção que estes barcos trabalham em condições de mar que podem fazer a travessia Peniche – Berlenga Grande com ondas até 3 metros. Dito isto: para pessoas com tendência de enjoo, recomendamos as lanchas rápidas que fazem o trajeto. O caminho no catamaran, apesar de divertido, é puxado para o estômago.
O que Ver na Berlenga Grande
Apesar de ser uma ilha pequena, e só poderem caminhar pelas estradas delimitadas, a Berlenga Grande ainda tem muito a ver. Podem fazer-se acompanhar do mapa oficial (aqui) e percorrer os caminhos por esta magnífica ilha. Recomendamos fazerem o trilho disponível, que passa pelos locais principais (mapa aqui). Se, como nós, fizerem a visita às grutas e o passeio guiado, é provável que comecem pelo Forte, seguindo a partir daí até ao bairro dos pescadores / cais de embarque, mas claro que podem fazer o caminho inverso em modo ida e volta – faz-se bem e vale a pena!
Forte de São João Baptista / Forte da Berlenga
O elemento que tanta gente atrai à Berlenga Grande é obviamente o Forte de São João Baptista.
Este forte remota ao século XVII, tendo sido construído com pedras que faziam parte das ruínas do mosteiro dos monges da Ordem de São Jerónimo que aqui habitaram durante algumas décadas. No século XIX acabou abandonado, sendo depois utilizado para fins militares e, finda esta necessidade, foi novamente restaurado na segunda metade do século seguinte. Graças à Associação dos Amigos da Berlenga (AAB), esta incrível construção funciona agora como casa-abrigo, onde as pessoas podem ficar a dormir.
Para apoiar a Associação que toma conta do edifício, as pessoas que visitem a ilha podem ver uma pequena parte do forte pelo preço simbólico de 1€. Se estiverem na visita guiada de um dos operadores turísticos, podem ainda ser levados a uma parte que só desta forma pode ser acedida, e que corresponde às antigas latrinas dos soldados.
Para saírem do forte em direção ao resto da ilha aguarda-vos uns dolorosos 290 degraus, que proporcionam uma vista impagável.
Cisternas
Chegando ao topo da escadaria, podem optar por seguir para a direita, em direção à zona principal da ilha (farol e bairro dos pescadores) ou seguir um pouco para a esquerda e conhecer o sudoeste da ilha e a antiga cisterna que aqui se encontra.
Esta é sem dúvida a única parte verdadeiramente inutilizada da ilha: encontram-se aqui grandes cisternas que foram utilizadas durante várias décadas para recolha de água doce mas que se encontram atualmente rodeadas de barreiras de proteção, uma vez que já começaram a ruir.
Sudoeste da Berlenga e Cova do Sono
Seguindo por este caminho, vão ter ao ponto sudoeste, a zona mais afastada da ilha. Daqui terão uma vista incrível sobre a chamada catedral, a Cova do Sono, uma formação geológica em forma de abóbada resultante da erosão da arriba, tendo aos seus pés uma pequena praia.
É aqui que se realizam algumas atividades de mergulho. É também nesta zona que encontrámos mais gaivotas (apesar de serem recorrentes em toda a ilha).
Farol da Berlenga / Farol do Duque de Bragança
Seguindo o caminho, encontra-se o Farol do Duque de Bragança, ou Farol da Berlenga, onde se encontram os únicos habitantes permanentes da ilha: os faroleiros e malta de apoio ao farol, os que estudam a ilha e protegem a reserva e, claro, o cão que protege esta construção – o cão Farol.
Esta estrutura encontra-se no topo da ilha, a cerca de 112 metros acima do nível do mar. É no caminho entre a cisterna e o farol que se tem uma das melhores vistas: a que permite ver os outros dois grupos de ilhéus. Foi também a partir daqui, no nosso caminho de acesso ao bairro dos pescadores, que finalmente conseguimos ver a armeria berlengensis, uma planta endémica das Berlengas, e que normalmente tem flor entre abril e maio.
Carreiros dos Cações
Já no caminho de regresso ao bairro dos pescadores, encontramos o Carreiro dos Cações, uma zona famosa por demonstrar a divisão da ilha da Berlenga Grande: Berlenga (este) e Ilha Velha (oeste). Esta formação resulta de uma falha inversa, que já não se encontra ativa.
Buzinas / Ilha Velha
Antes de descerem para o bairro dos pescadores, podem virar à esquerda e seguir por um trilho de 1.5km que vos leva à ilha velha. Mais ou menos a meio do caminho chegam às Buzinas, uma zona onde conseguem ver Peniche e, mais perto, o Ilhéu da Velha e o Ilhéu Maldito.
Bairro dos Pescadores “Comandante Andrade e Silva”
Seguindo para o cais de embarque, começam a descer em direção ao bairro dos pescadores. As cerca de 20 casas, dispostas em três filas de edifícios brancos e organizados, foram construídas para albergar os pescadores das Berlengas e as suas famílias, que atualmente só passam cá os meses mais quentes. Os pescadores que saem das Berlengas para pescar só estão autorizados a pescar à cana.
Praia da Berlenga Grande
Descendo até ao cais de embarque, surge um pequeno caminho junto da pedra que, mesmo para quem não quer fazer praia, deve ser percorrido. É o caminho que leva à Praia da Berlenga Grande, um pequeno areal com uma água de cor azulada.
Grutas
Como ilha rochosa que é, a Berlenga Grande está claro repleta de grutas. Dizendo isto, recomendamos incluírem uma visita às grutas na vossa viagem.
Além da Cova do Sono (“Catedral”) que já falámos, existe ainda a Gruta Azul, conhecida pela cor da sua água, a Gruta da Inês, a Gruta das Flandres e algumas outras pequenas grutas.
Além destas, existe ainda o Furado Grande e o Furado Pequeno. O Furado Grande permite mesmo a sua travessia completa, sendo um túnel com 70 metros de comprimento e mais de 20 metros de altura, que nos leva até à parte mais sudoeste da ilha.
Daqui, o barco seguiu até outra das grutas mais famosas: a cabeça do elefante, uma formação rochosa que, como diz o seu nome, aparenta ser a cabeça de um elefante.
Operadores Turísticos: A Nossa Experiência
Como já falámos anteriormente, existem muitos operadores turísticos que fazem esta travessia e estes passeios. Alguns fazem-nos o ano praticamente todo, outros em alturas específicas, e claro oferecem preços e atividades distintas. Independentemente do operador, normalmente as viagens são de meio dia.
No nosso caso, optámos pela BerlegaTur. Este operador oferece diferentes pacotes que podem incluir a ida e o regresso, visita às grutas, passeio guiado e snorkeling. Consoante o pacote escolhido e a altura do ano (época baixa, média ou alta), os preços variam. No nosso caso, fomos na época média e optámos pelo pacote 3: viagem + visita às grutas + passeio guiado, que custou 39€ / pessoa na época média (em junho de 2024). Acreditamos que este é o melhor pacote: a visita às grutas vale muito a pena e o passeio guiado adicionou apenas 5€ ao valor (e acreditem que vale muito a pena!).
A zona de embarque em Peniche é fácil de encontrar e tem estacionamento. Nesta zona vão encontrar muitos operadores turísticos que vão às Berlengas, pelo que podem sempre aproveitar para os comparar.
A viagem inicia-se num catamaran, neste caso o catamaran BerlengaTur, uma embarcação preta e branca com 18 metros de comprimento. Esta viagem demora cerca de 30 / 40 minutos, dependendo das condições do tempo. A viagem de regresso é ligeiramente mais rápida e não provoca tantos enjoos.
Chegando aos cais de desembarque na Berlenga Grande, mudamos para um barco mais pequeno, o Leoti. Este barco, com 7 metros de comprimento, é destino à visita às grutas e, por causa disso, tem o fundo em vidro. Esta visita às grutas demorou cerca de 30 minutos e envolve ver as duas laterais da ilha. A visita às grutas foi feita pela Margarida, que foi uma guia fantástica.
Daqui, e como tínhamos o pacote com o passeio guiado, fomos deixados no famoso Forte de São João Baptista, enquanto que os restantes passageiros foram levados novamente para o cais de desembarque. No passeio guiado acabámos por ser apenas nós e o nosso guia, o Bernardo, que foi incrível e super prestável. Partindo do Forte, percorremos a ilha até ao cais de desembarque, onde ainda sobrou cerca de 1h para visitarmos livremente a ilha.
Quando visitar as Berlengas
Apesar de existirem viagens durante a grande maioria do ano, não recomendamos de todo que façam esta visita em dias de mar mais agitado ou de tempo mais frio. Primeiro porque a viagem será mais complicada e depois porque, apesar de perto da costa, estão em pleno Oceano e o tempo é mais forte.
A própria população de pescadores só aqui passa cerca de metade do ano, vivendo na zona de Peniche durante os meses de inverno – então evitem os meses de outono / inverno para se aventurarem.
Dito isto, as Berlengas foram um destino que ultrapassou (em muito) as nossas expectativas. Apesar da viagem mais atribulada a nível de estômago para lá, adorámos a experiência com a empresa turística, com os nossos incríveis guias e, claro, com esta maravilha reserva natural que são as Berlengas.